O uso de lareiras a lenha, embora tradicional, apresenta desafios ambientais significativos que afetam a saúde dos ecossistemas, a qualidade do ar e o bem-estar das populações. A seguir, detalham-se os principais impactos associados a esta prática:
1. Emissões de Gases de Efeito de Estufa e Poluentes Atmosféricos:
A combustão de lenha em lareiras tradicionais liberta dióxido de carbono (CO₂), monóxido de carbono (CO) e partículas finas (PM2.5). Estudos indicam que o uso de lareiras tradicionais a lenha pode diminuir a esperança média de vida em até 1,6 anos devido às partículas finas emitidas.
2. Desflorestação e Perda de Biodiversidade:
Portugal apresenta uma das taxas mais elevadas de desflorestação no mundo, com uma perda de 24,6% do coberto arbóreo entre 2001 e 2014. O consumo de lenha contribui para esta perda, exacerbando a degradação dos ecossistemas e a redução da biodiversidade.
3. Aumento da Incidência de Incêndios Florestais:
A exploração intensiva de recursos florestais para lenha, aliada a práticas de manejo inadequadas, aumenta a vulnerabilidade das florestas a incêndios. Em setembro de 2024, incêndios em Albergaria-a-Velha, no norte de Portugal, resultaram em quatro mortes, sete feridos e 25.269 hectares queimados, destacando a gravidade dos incêndios florestais no país.
4. Redução da Capacidade de Fixação de Oxigénio:
A remoção excessiva de biomassa florestal para consumo de lenha compromete a capacidade das florestas de fixar carbono e produzir oxigénio. A exploração intensiva reduz a densidade arbórea e a diversidade de espécies, afetando negativamente os processos de fotossíntese e a qualidade do ar. Estudos indicam que o corte seletivo de árvores para lenha pode impactar os processos de regeneração e a retirada de biomassa florestal, comprometendo a sustentabilidade dos ecossistemas.
5. Ineficácia Energética e Impactos na Saúde:
As lareiras tradicionais apresentam eficiência energética limitada, resultando em desperdício de energia e aquecimento inadequado dos espaços. Além disso, a combustão incompleta pode gerar poluentes adicionais, como hidrocarbonetos não queimados, que afetam a qualidade do ar interior e a saúde respiratória dos ocupantes. A exposição à poluição do ar em ambientes fechados é um importante fator de risco para morbidade e mortalidade, representando cerca de 4% da carga global de doenças.
6. Desafios na Gestão Florestal e Sustentabilidade:
A pressão sobre os recursos florestais para produção de lenha dificulta a implementação de práticas de manejo sustentável, comprometendo a regeneração natural das florestas e a manutenção dos serviços ecossistémicos essenciais, como a regulação do clima e a conservação da água. A retirada de biomassa florestal sem critérios sustentáveis pode levar à degradação do solo e à perda de nutrientes, afetando a saúde geral da floresta.
7. Mudando a Pegada Ecológica com Soluções a Bioetanol:
Optar por sistemas de aquecimento que utilizam bioetanol representa um passo decisivo na redução da pegada ecológica. O bioetanol, derivado de fontes renováveis, promove uma combustão limpa que reduz significativamente as emissões de gases poluentes e partículas finas. Ao escolher uma solução a bioetanol, não só se minimiza o impacto ambiental diretamente associado à queima de lenha, como também se preservam os recursos florestais, contribuindo para a fixação de CO₂ e a manutenção dos níveis de oxigénio na atmosfera.
Referências:
Emissões e Saúde – Ulisboa
Desflorestação em Portugal – Quercus
Incêndios Florestais em Portugal – The Guardian]